quarta-feira, 29 de julho de 2009

segunda-feira, 20 de julho de 2009

DIA DO AMIGO



AMIGO
é o que
quando a pandorga sobe,
prende os olhos à magia
e viaja comigo
por mundo impossíveis.


Amigo
é quem
pensando diferente
me diz por quê.

Maria Dinorah. Cantiga de Estrela,
Mercado Aberto, RS, 1984, p29)

Na foto, minha sobrinha-neta, Rafaela e Caroline, a neta de Dona Juciara, de quem falo na crônica Nova Elegância do Ouriço. Foto do dia 13-06-2009.

Dá-me sempre, Senhor, amigos com alma de criança!
Feliz Dia do Amigo a todos!

domingo, 19 de julho de 2009

Ouça: Devaneios, de Shumann

http://www.youtube.com/watch?v=fHlfNYY1YIY

Aqui você poderá ouvir Traumerei ( onde se ouve Devaneios), Shumann .
Transporto-me com esta música, e, se você ama os clássicos, deleite-se.

Achei meu poema: DEVANEIOS DE SHUMANN




DIAS ATRÁS , PROCUREI UM POEMA, ESTE QUE ESTAVA PERDIDO. Hoje procurando um do amigo, na página de uma amiga, encontrei meu poema. Obrigada , CATARINA, por tê-lo guardado em sua página e por ser esta amizade tão linda na minha vida!
Devaneios de Schumann
Schumann...
À noitinha
É mágico tapete
Teu piano, transporte
Arma fatal do meu silêncio...
Fecho os olhos
O vento nas cortinas,
Carícias de sons...
Traz a chuva!...
Sentimentos delicados
Vôo...Por quê?
Caprichos?
De noite
Sonhos turbulentos!
Sou uma criança dormindo
“Fala o poeta!”
Nas cenas da Floresta
Pássaro profeta
Pousa no meu ombro...
E tudo é silêncio ao redor...
Só minha alma grita
Em “Despedida”
Em tudo percebo
Os sons mais delicados
de uma “Fábula”
Devaneios...Devaneios...Devaneios
Teus dedos longos, ó chuva,
tocam em piano!
Clara, Schumann e eu tomamos chá!
E por que não, café?
Do outro lado da sala
teus olhos me espantam!
Enfim a música plena!
Eloisa Helena, em 23/9/2006
Para você, meu amigo querido!

sábado, 18 de julho de 2009

No capítulo:Tuberoso e sensual


Chegava ao epílogo do cerimonial quando, vindo do jardim, filtrando-se por entre as juntas dos vidros, subiu até seu nariz o penetrante perfume da madressilva. Fechou os olhos e aspirou.Era um perfume sedioso, o dessa trepadeira incoerente. Permanecia muitos dias fechada em si mesma, sem liberar seu aroma verde, como se estivesse entesourando e recarregando-o, e , de repente em certos momentos misteriosos do dia ou da noite, em decorrência da umidadedo ambiente, ou dos movimentos da lua e das estrelas, ou de certos discretos cataclismos ocorridos lá embaixo, no seio da terra onde se hospedavam sua raízes, descarregava sobre o mundo aquele bafo agridoce e pertubador que fazia pensar em mulheres morenas, com cabeleiras compridas e ondulantes, e em danças nas quais se divisavam, no desenfreado redemoinho das saias , coxas acetinadas, nádegas apertadas, tornozelos finos e , fofo-fátuo veloz, a madeixa de um frondoso púbis." Elogio da madrasta, Mário Vargas Llosa

Abraços

quarta-feira, 15 de julho de 2009

CORRESPONDÊNCIAS



Charles Baudelaire.

A natureza é um templo onde vivos pilares
Deixam às vezes sair confusas palavras;
O homem ali passa através das florestas de símbolos
Que o observam com olhares familiares.

Como os longos ecos que de longe se confundem
Numa tenebrosa e profunda unidade,
Vasta como a noite e a claridade,
Os perfumes, as cores e os sons se correspondem.

Há perfumes frescos como carnes de crianças,
Doces como os oboés, verdes como as pradarias,
-E outros corrompidos, ricos e triunfantes,

Tendo a expansão das coisas infinitas,
Como o âmbar, o almíscar, o benjoim e o incenso,
Que cantam os transportes do espírito e dos sentidos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Leito de Folhas Verdes


de Gonçalves Dias




Por que tardas, Jatir, que tanto a custo

À voz do meu amor moves teus passos?

Da noite a viração, movendo as folhas,

Já nos cimos do bosque rumoreja.


Eu sob a copa da mangueira altiva

Nosso leito gentil cobri zelosa

Com mimoso tapiz de folhas brandas,

Onde o frouxo luar brinca entre flores.


Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,

Já solta o bogari mais doce aroma!

Como prece de amor, como estas preces,

No silêncio da noite o bosque exala.


Brilha a lua no céu, brilham estrelas,

Correm perfumes no correr da brisa,

A cujo influxo mágico respira-se

Um quebranto de amor, melhor que a vida!


A flor que desabrocha ao romper d'alva

Um só giro do sol, não mais, vegeta:

Eu sou aquela flor que espero ainda

Doce raio do sol que me dê vida.


Sejam vales ou montes, lago ou terra,

Onde quer que tu vás, ou dia ou noite,

Vai seguindo após ti meu pensamento;

Outro amor nunca tive: és meu, sou tua!


Meus olhos outros olhos nunca viram,

Não sentiram meus lábios outros lábios,

Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas

A arazóia na cinta me apertaram.


Do tamarindo a flor jaz entreaberta

,Já solta o bogari mais doce aroma;

Também meu coração, como estas flores,

Melhor perfume ao pé da noite exala!


Não me escutas, Jatir! nem tardo acodes

À voz do meu amor, que em vão te chama!

Tupã! lá rompe o sol! do leito inútil

A brisa da manhã sacuda as folhas!

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Este é um dos poemas mais lindos do lirismo romântico!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

SINOS, Roseana Murray

SINOS

quando estava só
nos meus vastos campos
de machucadas orquídeas
e silêncio
e à noite bebia em taças opacas
estrelas líquidas e passado
e o vento do deserto
me alcançava trazendo
o rumor dos mortos
você chegou
com vassoura de luz
varreu a casa e limpou os sinos


Roseana Murray
in Poesia Essencial, ed. Manati, 2002